Passei muito tempo
esperando resposta
a uma carta
que não cheguei a escrever.
Quando a gente gosta,
pensa que o sentimento
é algo
que não precisa se dizer.
Passei muito tempo
esperando resposta
a uma carta
que não cheguei a escrever.
Quando a gente gosta,
pensa que o sentimento
é algo
que não precisa se dizer.
A madrugada avança.
Ao longe, a multidão ansiosa.
Risadas, além.
Na brisa, a esperança.
A moça caminha silenciosa.
No pensamento, alguém.
Em respeito à dor do povo palestino.
Não há canto
No pranto sofrido
Na angústia da dor.
Não há riso
No grito contido
Na falta de amor.
Não há cores
Onde o aroma das flores
É arrancado do ar, em profusão.
Não há sabores
Onde cinzentos vapores
Fazem da paisagem uma devastação.
Não há brilhos
Nos olhares de pais, mães e filhos
Que se buscam, sem mais nada a fazer.
Não há esperança
Quando nem mesmo a criança
Recebe o direito de viver.
Ah, essa dor também é minha e sua.
Ah, essa dor é real, fria e crua.
Ah, essa dor traz a marca da crueldade.
Quando foi que inventamos fronteiras?
Quando foi que nos criamos barreiras?
Quando foi que deixamos de ser humanidade?
Tanto diz,
quanto diz,
o poema que não fiz...
Se feito, talvez passasse batido
e quem o devesse ler,
nem o tivesse lido...
Seria, então,
mais um,
na multidão.
Solidão.
Abriu a porta pra sacada.
Olhou.
Não havia mundo.
Não havia nada.
Suspirou,
por um segundo.
Chorou -
e depois deu risada.