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sexta-feira, 8 de março de 2024

(Des)humanidade

 

Em respeito à dor do povo palestino.


Não há canto

No pranto sofrido

Na angústia da dor.

 

Não há riso

No grito contido

Na falta de amor.

 

Não há cores

Onde o aroma das flores

É arrancado do ar, em profusão.

 

Não há sabores

Onde cinzentos vapores

Fazem da paisagem uma devastação.

 

Não há brilhos

Nos olhares de pais, mães e filhos

Que se buscam, sem mais nada a fazer.

 

Não há esperança

Quando nem mesmo a criança

Recebe o direito de viver.

 

Ah, essa dor também é minha e sua.

Ah, essa dor é real, fria e crua.

Ah, essa dor traz a marca da crueldade.

 

Quando foi que inventamos fronteiras?

Quando foi que nos criamos barreiras?

Quando foi que deixamos de ser humanidade?

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

O poema que não fiz

 


Tanto diz,

quanto diz,

o poema que não fiz...

Se feito, talvez passasse batido

e quem o devesse ler,

nem o tivesse lido...


Seria, então,

mais um,

na multidão.

Solidão.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Na madrugada

 

Abriu a porta pra sacada.

Olhou.

Não havia mundo.

Não havia nada.

Suspirou,

por um segundo.

Chorou -

e depois deu risada.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Ver-te

 

Ainda ontem, pensei em ti.
Procurei, mas não te vi.
Estavas por aí, na multidão...
Não vejo a hora de te ver.
Podes entrar sem bater,
Tens a chave do meu coração.

sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Amores improváveis

 

Amores
improváveis
são justamente
a prova
de que o amor
não precisa
provar nada
pra ninguém.

Assuntos do coração

 

Ela falava de amor,
enquanto ele fazia
bolhinhas de sabão.

Era um tonto,
não estava pronto
para assuntos do coração.

A paz da moça

 

Tem horas
que é tanto fez
ou tanto faz.

No final do dia,
a moça quer saber
é de poesia,
sossego
e paz..